terça-feira, 7 de abril de 2015

Charles Darwin e a escravidão no Brasil




Ao chegar no Brasil e ver de perto a escravidão, Darwin escreveu esse relato:

“Perto do Rio de Janeiro, minha vizinha da frente era uma velha senhora que tinha umas tarraxas com que esmagava os dedos de suas escravas. Em uma casa onde estive antes, um jovem criado mulato era, todos os dias e a todo momento, insultado, golpeado e perseguido com um furor capaz de desencorajar até o mais inferior dos animais. Vi como um garotinho de seis ou sete anos de idade foi golpeado na cabeça com um chicote (antes que eu pudesse intervir) porque me havia servido um copo de água um pouco turva… E essas são coisas feitas por homens que afirmam amar ao próximo como a si mesmos, que acreditam em Deus, e que rezam para que Sua vontade seja feita na terra! O sangue ferve em nossas veias e nosso coração bate mais forte, ao pensarmos que nós, ingleses, e nossos descendentes americanos, com seu jactancioso grito em favor da liberdade, fomos e somos culpados desse enorme crime.”

Charles Darwin, A Viagem do Beagle

 (via Robério Correia)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Nova York amanhece com estátua misteriosa em homenagem a Edward Snowden

Nova York amanheceu nesta segunda-feira (6) com um novo e misterioso monumento, depois que um grupo de artistas anônimos instalou ilegalmente, na madrugada, um busto de 45 quilos em homenagem a Edward Snowden em um parque do Brooklyn.



Pouco antes do amanhecer, três artistas arrastaram um busto de cerca de 1,20 metro de altura através do Parque Fort Greene, no bairro nova-iorquino do Brooklyn. Enquanto o sol se levantava, eles montaram a estátua em cima de um pilar que fazia parte de um antigo memorial à Guerra de Independência dos EUA – o Monumento Prison Ship Martyrs, originalmente erguido para lembrar os combatentes que morreram a bordo de navios-prisões durante a Revolução Americana.

Falando à revista Animal, os responsáveis pelo busto de Snowden afirmaram que o ato de hoje teve como objetivo “atualizar” o monumento de guerra para “dar destaque àqueles que sacrificam sua segurança na luta contra as tiranias dos tempos modernos".



Longe de encararem o ato como profanação, os artistas veem a sua obra como uma forma de homenagear as liberdades pelas quais se lutou na Guerra de Independência norte-americana.

"Seria uma desonra para os que foram aqui imortalizados não elogiar quem protege os ideais pelos quais eles lutaram, como o fez Edward Snowden trazendo à luz os programas de vigilância da NSA que violaram a Quarta Emenda [à Constituição dos EUA, que se refere à proteção individual contra buscas e apreensões arbitrárias]”.

O projeto custou milhares de dólares, tirados do bolso dos próprios artistas, e levou seis meses para ser criado. Apesar do esforço, os três se resignaram ao fato de que a obra seria provavelmente destruída pelas autoridades.



De fato, a estátua já foi coberta pela polícia. No entanto, os artistas disseram ter um molde pronto para fabricar outros bustos, de modo que os habitantes e turistas de Nova York ainda poderão ter a chance de ver o monumento ao ex-agente.

Durante seu tempo como funcionário da Agência de Segurança Nacional norte-americana, Snowden revelou a extensão massiva do aparelho governamental de espionagem doméstica. Ele reside atualmente na Rússia, que o acolheu em 2013 para impedir sua extradição para os EUA.

Via sputnik e mashable

domingo, 5 de abril de 2015

PMs ou Capitães do Mato?


A população em luto sai às ruas para protestar diante do assassinato de uma criança de 10 anos, baleada na cabeça por um PM quando estava sentada em frente a sua casa. E, então, o que faz a polícia? Pede desculpas? Prende o autor do disparo?



Não. Monta uma operação de guerra contra o povo. Vai até o Complexo do Alemão e joga bombas de gás nas pessoas e gás pimenta no rosto de homens, mulheres e crianças que protestavam pacificamente. Os que fazem isso não são policiais, são "capitães do mato". Os que dirigem estes mateiros são ainda piores. A propósito, há governo no Rio? (via Marcos Rolim)



A mãe de Eduardo de Jesus Ferreira, Terezinha de Jesus, afirmou que foi ameaçada por um PM logo após a morte da criança. Em desespero, ela disse ao policial: "Vocês mataram meu filho". E em seguida, ouviu do mesmo agente:

— 'Já que eu matei o filho, a gente também pode matar a mãe.' E apontou a arma para mim. (via R7)

"Quando fui socorrer meu filho, o PM falou que eu era vagabundo que nem ele. Falou que matou um vagabundo que era filho de um vagabundo", declarou o ajudante de pedreiro. "Sou trabalhador, trabalho de carteira assinada", completou. (via O dia)



Caso a visão de tanques circulando nas ruas ou de corpos estirados no chão não seja simbólica o suficiente, posso repetir objetivamente: estamos em guerra. Resta saber quem ganha com a invisibilização dessa guerra e quem é o nosso real inimigo.



É claro que o crime existe. É claro que criminosos existem. Mas o Estado continua trabalhando para esconder as estruturas de governo que produzem criminosos. Não se debate a igualdade de direitos e oportunidades. Não se debate o fim da Polícia Militar, como foi recomendado pela ONU.



Mas soluções superficiais de contenção da violência: redução da maioridade penal, aumento do aparato policial, “pacificação”. Tudo para o conforto e a segurança da classe dominante. (via feminismo à esquerda)



Quem está organizando o tráfico no Rio?
Quem são os comandos?
Porque a PM não diz quem está procurando?

Porque o combate ao tráfico não gera UMA única prisão de um chefe?

Porque você não percebe que, com tantas perguntas sem resposta, podemos estar diante de uma situação em que a PM está operando o tráfico, como gerente de alguém, extremamente poderoso na estrutura do Estado? (via Anderson França Dinho)

As UPPs são projeto de dominação política e econômica da cidade. O local onde foram instaladas e a maneira como são geridas demonstram que elas são instrumentos de uma política econômica de venda e expropriação da cidade. (via Universidade Nômade)

O que aconteceu nos casos de Amarildo e DG — e agora no caso do Eduardo — não é diferente do que acontece com milhares de outras vítimas da guerra às drogas, assassinados por uma polícia militar treinada para enxergar favelados, pobres e pretos como inimigos desprovido de direitos a serem abatidos.



Estão circulando, nas redes sociais e Whatsapp, fotos falsas de um garoto supostamente armado (não tem como saber as circunstâncias em que a fotos foram tiradas) que não é Eduardo, numa tentativa desonesta e perversa de justificar sua morte e, ao mesmo tempo, fortalecer os discursos demagógicos e irresponsáveis que defendem a redução da maioridade penal.



Tempos sombrios, nos quais precisamos muito, todos nós, fazer um grande esforço para enfrentar, com muita vocação pedagógica, esses discursos que se espalham e contaminam o senso comum, empurrando-nos para um precipício que pode nos levar a cair de novo em algumas das piores tragédias da nossa história. (via Jean Wyllys)



Dos 82 assassinatos de crianças e adolescentes de até 14 anos cometidos pela polícia no Brasil em dez anos, 50 ocorreram no Rio. O estado responde por 60% dos casos registrados.  (via O Globo)