domingo, 14 de julho de 2013

Guerrilha cibernética: O Sucateamento do Casamento da Dona Baratinha


O Brasil conseguiu realizar sofisticada “modernidade-técnica”, mas não fez sua “modernidade-ética”. Produzimos milhões de automóveis e temos um péssimo sistema de transporte público, inventamos e usamos urnas eletrônicas, mas não eliminamos a corrupção, nem no comportamento dos políticos nem nas prioridades das políticas; nem incorporamos a participação dos eleitores em tempo real no processo político.

(Jacob Barata, Rei dos Ônibus e do Marketing de Sucateamento)

O descontentamento com a construção da “modernidade-técnica” sem fazer a “modernidade-ética” é a principal causa das manifestações que tomaram as ruas.

(Dona Baratinha que tem dinheiro público na caixinha-preta)

Basta descontentamento para que um jovem conectado à internet possa reunir dezenas ou centenas de pessoas capazes de fechar uma estrada, arrombar portas de lojas, invadir condomínios. O resultado é impossível de ser controlado, mesmo se a polícia monitorasse todas as trocas de e-mails na cidade.

(Bate-papo com as amigas da noiva antes do casamento. Mais de mil comentários!)

Aos fatores anteriores se une o risco da falta de entendimento da gravidade do momento, fazendo com que os dirigentes, no Executivo e Legislativo, estejam optando por enfrentar o esgotamento do modelo usando gestos teatrais de marketing político.

O momento exige mais do que reforma, mais até do que revolução. Exige a invenção de uma nova forma de fazer política — que ainda não sabemos como será —, com novos objetivos para um tipo alternativo de economia e sociedade que apenas conseguimos especular. Infelizmente, estamos viciados nos velhos propósitos da sociedade de consumo e nos velhos métodos da política.


"BARATAS!ESGOTO!
 BARATAS!ESGOTO!"

JOGO DOS 7 ACERTOS
1- D. Baratinha em vez de cortejo de daminhas e pajens, precisou de cordão de isolamento;
2- Enquanto padre Alexandre fazia a homilia, escutava-se nitidamente os manifestantes em coro dizerem coisas como “ha,ha, ha, o noivo vai broxar”, “também quero meu Louboutin”, “úúú, todo mundo pra Bangu”;
3- O cerimonial de moças e rapazes impecáveis, pra lá e pra cá, cochichando baixinho, apreensivos sobre como solucionariam a saída dos noivos. Foi com PM e seguranças;
4- Aos 3:20 do video acima alimentam dona baratinha com lixo reciclável;
5- Aos 3:40 Baratas voltam para o esgoto;
6- Aos 4:52 Patrícia se empolga com "Quem nao pula é da máfia" e leva um pito do marido;
7- Gilmar Mendes espiando pelo ombro da noiva na imagem estática do video abaixo.



Assim fica difícil reorientar o projeto civilizatório do país, em direção a uma “modernidade-ética”, sem corrupção no comportamento dos políticos nem nas prioridades da política. Só uma invenção desse tipo de projeto será capaz de acabar com o desespero, o descontentamento e pacificar a “guerrilha cibernética” já em marcha. (por Cristovam Buarque via Ricardo Noblat em O Globo)

(via Geracao Invencivel)

As manifestações de junho puseram a nu uma realidade que vinha sendo ignorada ou omitida pela imprensa: a de que a maioria da população é refém de meia dúzia de empresários de um setor fundamental para o funcionamento das cidades, cujo poder é assegurado pela legislação que lhes permite financiar campanhas políticas. (via Observatório da Imprensa)

Não têm pão? Comam bem-casados!

Estávamos numa madrugada de 14 de Julho, mesma data da Revolução Francesa, e toda aquela manifestação, que ontem começou alegre, até divertida, berrando bordões bem humorados, outros de gosto duvidoso...




...teve consequências desastrosas, com cabeça ensanguentada, decisões equivocadas, batalhão de choque, bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha e gás de pimenta  diante de nosso Palácio de Versailles, emblema máximo do luxo, da riqueza e da sofisticação do país: o Hotel Copacabana Palace!

(14 de julho de 2013 - 224 anos da Queda da Bastilha. Segundo a mídia, 'a manifestação seguia pacífica até que um pequeno grupo de vândalos'... via Christian Fischgold)

Da varanda, convidados rebatiam as provocações verbais atirando bem-casados na “plebe” (bem à la Maria Antonieta, que ofereceu bolinhos, lembram?) e remetiam aviõezinhos de notas de R$ 20 (aí, a inspiração já era mais próxima, à la Silvio Santos). Uma convidada insiste em deixar o hotel, é impedida e inicia uma briga, quando um convidado, lá da varanda, atira um cinzeiro de vidro na cabeça de um manifestante, que se fere muito. 


(Daniel Barata: "Eu só acho incoerente as pessoas gastarem seu dinheiro para irem a um protesto DE ONIBUS para protestarem contra DONO DE ONIBUS. nao seria muito mais facil nao sair, pra nao pegar um onibus, e nao dar dinheiro pra quem voces tanto hostilizam?" via Pronto Postei e Rio na Rua)

A repórter corre para buscar socorro na ambulância de plantão diante do hotel (é lei quando se trata de evento com mais de 600) e o paramédico. Mas o médico não está, “foi lá dentro”. O rapaz machucado tenta entrar no hotel para ser socorrido. Os seguranças e porteiros impedem sua entrada.

(via Paula Eits)


Está aí cometido o grande erro da noite! O Copa, neste momento, rompe sua tradição histórica de cordialidade com a população carioca e de diplomacia e assume uma postura hostil.

(A foto mostra o sangue de Ruan, o manifestante atingido pelo cinzeiro, na parede do lado esquerdo do Copa. Ruan fez uma belíssima decoração de casamento para a Dona Baratinha, manchando com seu sangue as paredes de ambos os lados da portaria principal do Copa. via Gabriel Fomm)

e eis que, quase quatro da manhã… chega o BOPE, marcando sua forte presença de sempre, soltando bombas de gás lacrimogênio, atirando com balas de borracha e, para completar a apoteose da alvorada dessa Bastilha carioca, espargindo spray de pimenta a torto e à direita.

(Uma madrinha postou uma foto dela e das amigas na festa, com a hashtag #cariocaspobres. No Facebook, um jovem que se identifica como Daniel Barata disse que foi ele quem tacou o cinzeiro em Ruan.  via O Globo
(Um convidado, Francisco Feitosa, filho do ex-deputado federal pelo Ceará Chiquinho Feitosa, teria atirado um cinzeiro no grupo de manifestantes. via Camila Cardoso e BandNews)
(via Fer Nando)

Os últimos convidados, que aguardavam no foyer do hotel pela oportunidade de deixar a festa, conseguem partir. Vão deixando o casamento Barata e tossem, viram os olhos, engasgam com o spray de pimenta. Os manifestantes de máscara anti-spray gozam, a repórter estica o microfone: “Tá gostando, cara?”. 

Foi um acontecimento totalmente atípico, inédito. (via Hildegard Angel)

(via Erick Dau)

EM TEMPO:

Um dia depois de  apontar Daniel Barata, sobrinho do "Rei dos Ônibus", como autor da agressão. "Ele estava em frente a casa do irmão, conversando com um casal de amigos quando foi abordado. Não tinha nada que chamasse atenção, mas fizeram uma revista pessoal e encontraram uma 'bituca' na bermuda dele. Ele vai assinar como usuário, mas está supertranquilo. Somente a família ficou um pouco preocupada, porque é evangélica". (via G1)


FORA DE TEMPO:


Daniel Barata, de 18 anos, foi intimado formalmente a prestar depoimento na 12ª DP (Copacabana) sobre o caso de lesão corporal. A polícia aguarda as imagens das câmeras de segurança do hotel e o depoimento de Daniel, que ainda não foi marcado... (via G1)


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